Ao longo da história, o homem aprendeu com a natureza a utilizar os produtos naturais no tratamento de suas doenças. Podemos destacar aqui as plantas medicinais e suas preparações manipuladas pelo homem como os extratos vegetais e os óleos essenciais.

Além destes, merece destaque a própolis que é um produto apícola elaborado exclusivamente pelas abelhas e há séculos utilizada pela humanidade. No Egito 1700 a.C., a própolis era conhecida como “cera negra” e utilizada como uma das substâncias para embalsamar e conservar as múmias.

Mas afinal, o que é a Própolis?

A própolis é um produto balsâmico elaborado pelas abelhas melíferas com a aglutinação da resina coletada das flores, brotos, galhos, exsudatos de árvores e a mistura com pólen, cera e secreções gustativas próprias das abelhas.

A palavra própolis vem do grego, pro que significa “em favor de” e polis que significa “cidade”, ou seja, em defesa da cidade, para o bem da cidade que neste caso seria a colmeia. Trata-se de um produto feito pelas abelhas para vedar a colmeia, protegendo-a do frio e de invasores.

Na indústria a própolis pode ser preparada por maceração e para isso são utilizados líquidos extratores autorizados como, álcool de cereais e água ou uma combinação destes dois. A proporção mais utilizada é 30% de resina de própolis para 70% de líquido extrator (álcool+água), resultando um extrato líquido com percentual de ativos entre 11 e 15%. No comércio a própolis é encontrada na forma de cápsulas, pós, pastilhas, goma de mascar, extrato líquido (gotas), cremes, enxaguatórios bucais, loções para pele, bem como balas, chás, chocolates e xaropes.

Composição e coloração

Na composição química e nutricional da própolis já foram identificadas mais de 300 substâncias entre nutritivas e bioativas. Os componentes presentes na própolis incluem aminoácidos, vitaminas, minerais, ácidos graxos, flavonoides, ácidos fenólicos, aldeídos aromáticos, álcoois terpênicos e sesquiterpênicos.

Dentre estes componentes, destacam-se os compostos fenólicos e em especial os flavonoides e ácidos fenólicos responsáveis por grande parte das atividades biológicas comprovadas para a própolis.

A composição química, aroma e coloração da própolis variam de acordo com a origem botânica ou pasto apícola visitado pelas abelhas. A diversidade de coloração, atividade biológica e propriedades da própolis vão depender da vegetação existente em diferentes localidades e da época do ano. A coloração varia de preto ou marrom escuro, verde e até vermelho. O odor normalmente é característico da própolis, mas pode variar conforme a flora regional.

Própolis Negra ou Marrom Escura – Silvestre

A própolis (do inglês, Bee glue) apresenta 50% de resinas e bálsamos, 30% de cera, 10% de óleos essenciais, 5% de pólen e 5% de outras substâncias funcionais. A quantidade de cada componente presente na própolis vai depender da época de sua coleta e da origem geográfica. As abelhas utilizam múltiplas fontes vegetais para elaborar a própolis negra que é riquíssima em compostos bioativos extraídos da flora silvestre. A própolis negra é consagrada pelo uso e aplicação em diferentes produtos e formulações galênicas. Desde a antiguidade a própolis negra ou silvestre é utilizada na medicina tradicional como antisséptico, antibiótico natural e para o funcionamento normal do sistema imunológico.

Resina bruta de Própolis Silvestre (Própolis Negro ou Marrom)

Resina bruta de Própolis Silvestre (Própolis Negro ou Marrom) – Produção Chamel

Própolis Verde

A própolis conhecida pela cor verde é produzida pelas abelhas em localidades onde a vegetação apresenta maior incidência de alecrim-do-campo (Baccharis dracunculifolia). Essa planta também é conhecida na medicina popular como carqueja ou vassourinha-do-campo e utilizada para combater distúrbios gástricos, falta de apetite e afecções febris. O componente em destaque na própolis verde é o Artepelin C (ARC; 3,5-diprenil-4-ácido hidroxicinâmico) que é o principal composto fenólico biologicamente ativo e com propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e imunomoduladoras.

Própolis Vermelha

A própolis vermelha é produzida com a resina coletada da espécie Dalbergia ecastophyllum, conhecida popularmente como marmelo-do-mangue ou rabo-de-bugio. Essa planta aparece em regiões de dunas e manguezais com ocorrência natural ao longo da costa oeste da África, costa leste do continente americano, da Flórida nos Estados Unidos até o estado de Santa Catarina no Brasil. O isoflavonoide biochanina A é um composto fenólico encontrado em diferentes espécies de Dalbergia e já foi isolado da própolis vermelha. Alguns estudos revelam que esse flavonoide apresenta atividade anti-inflamatória.

Afinal, qual a diferença entre eles?

As própolis verde, vermelho e marrom escura (silvestre) apresentam cores e alguns componentes químicos diferentes em função das plantas que as abelhas visitam. Entretanto, analisando os estudos científicos disponíveis é possível observar que as propriedades atribuídas às própolis são semelhantes e são direcionadas como, antisséptico, anti-inflamatório e imunidade.

Os três tipos de própolis comentadas são fontes de substâncias bioativas, ou seja, apresentam função semelhante de fornecer compostos fenólicos e especialmente flavonoides. As própolis apresentam características particulares de coloração conforme sua origem botânica ou flora local onde estão instaladas as colmeias, o que pode interferir na quantidade e tipos de flavonoides fornecidos.

Em conclusão, a Própolis é um produto natural importante como fonte de compostos funcionais e necessários para auxiliar processos biológicos no nosso organismo. De fato a própolis contribui com o sistema imunológico e favorece as defesas naturais. Nesse sentindo a conscientização da população sobre a importância nutricional da própolis é essencial para manutenção da saúde.

 

[su_accordion]

[su_spoiler title=”Referências” open=”no” style=”glass-light” icon=”plus” anchor=”” class=””]

  1. ANJUM, S.I. et al. Composition and functional properties of propolis (bee glue): A review. Saudi Journal of Biological Sciences, v. 26, n. 7, p. 1695-1703, 2019.
  2. BRAAKHUIS, A. Evidence on the Health Benefits of Supplemental Propolis. Nutrients, v.11, p.2705, 2019.
  3. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. MAPA Instrução Normativa n.º 3 de 19 de janeiro de 2001. Regulamento técnico para fixação de identidade e qualidade de própolis.
  4. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Guia Alimentar Para a População Brasileira: promovendo a alimentação saudável. Brasília, Ministério da Saúde, 2008. 210 p. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos).
  5. BUDEL, JM et al. Morfoanatomia foliar e caulinar de Baccharis dracunculifolia DC., Asteraceae. Acta Farm. Bonaerense, v. 23, n. 4, p. 477-483, 2004.
  6. FUNARI, CS; FERRO, VO. Análise de própolis. Food Science and Technology, v.26, p.171-178, 2006.
  7. LUSTOSA, SR. et al. Própolis: atualizações sobre a química e a farmacologia. Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 18, n. 3, p. 447-454, 2008.
  8. PEREIRA, AS; SEIXAS, FRMS; AQUINO NETO, FR. Própolis: 100 anos de pesquisa e suas perspectivas futuras. Química Nova, v. 25, n. 2, p. 321-326, 2002.
  9. SOARES, RS. Estudo fitoquímico de Dalbergia ecastophyllum (L.) Taub. (Fabaceae). 126 f. Dissertação (Mestrado em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos) – Universidade Federal da Paraí­ba, João Pessoa, 2012.

[/su_spoiler]
[/su_accordion]

0
    Carrinho
    Seu carrinho está vazioVoltar para a loja